quarta-feira, 2 de novembro de 2011

O refendo Grego e o desejo de revolução


A atitude grega tem deixado em estado de alerta as instâncias europeias e os mercados financeiros, pois o rotundo não que muitos esperam que saia da auscultação popular, pode adensar a crise na Zona Euro e ser o princípio do colapso da divisa comunitária. Se a derrocada acontecer de facto, as consequências podem ser catastróficas, implodindo todo o projecto europeu.
Este cenário, que há um ou dois anos parecia impensável, é agora uma realidade que se vai materializando.

Teme-se que com o eventual colapso do Euro, a pobreza se instale nos países da periferia, que com uma economia fragilizada pela delapidação do seu sector produtivo, agrícola e pesqueiro, a favor da importação dos excedentes de potências como a Alemanha e a França, não sejam capazes de fazer face à mais que certa inflação virtiginosa, causada pela desvalorização das divisas como o Escudo, o Dracma, a Peseta, entre outras e , com o poder de compra em níveis inimagináveis, a economia estagne. Ora, sem produção, comercio, e sem o dinheiro a sair do bolso das familias europeias, O ciclo será de pobreza e miséria e sem fim à vista.

O referendo deveria ter sido feito antes do pedido de ajuda externa e esta opinião é extensível a todos os países que se vejam forçados a abdicar da sua soberania em favor de injecção de capital. O problema neste caso é que na Grécia como em Portugal, o povo não foi ouvido, é apenas massacrado sem piedade sendo forçado a trabalhar em prol de um estado governado por cidadãos que se colocam acima da lei, onde graça a corrupção, o favorecimento de interesses pouco claros e a impunidade.

Depois de concluir que a receita europeia falhou; pois abatendo frotas de pesca, destruindo terrenos de produção agrícola e deslocalizando a produção industrial para a Ásia e o leste europeu, favorecendo o lucro ganancioso, e a engorda de alguns países à custa do pouco músculo de outros, o Sr. Sarkozy, vem defender que a Grécia deveria sair do Euro, onde nem devia ter entrado.
Mas mais uma vez, neste ponto em particular, o povo não foi auscultado, nem o Grego nem o Português. fomos levados ao colo para uma comunidade de países irmãos e solidários onde afinal só o lucro e as taxas de juro interessam.

Não deixa de ser curioso assistir à forma bilateral como a Europa é gerida, em que o líder de um país é convocado a reunir-se com os lideres da Alemanha e França, para que estes lhe transmitam as decisões que tomaram de forma unívoca mas em nome de toda a União Europeia. Mas mais admirável ainda é notar o pânico criado pelo facto do Sr. Papandreou ter optado por democraticamente ouvir o povo, sujeitando os interesses da banca europeia a essa coisa estranha que é a vontade popular.

Para concluir, falta apenas comentar o afastamento das altas chefias militares da Grécia, por temer que um golpe de estado tivesse lugar. Perdoem-me se opto por me referir a um movimento que pretende romper com os poder privados, da banca, e dos especuladores financeiros como revolução, em vez de golpe de estado como a imprensa optou por apelidar.
Mas não me canso de dizer que não são precisas altas patentes militares para que se faça uma revolução, aqui neste cantinho resolvemos 48 anos de ditadura com capitães e muitos outros mais abaixo na hierarquia.
Muito honestamente, ainda nutro alguma esperança que por entre a apatia possamos romper com esses poderes podres e nesse dia chamem-lhe o que quiserem, golpe de estado, revolução ou apenas a vontade do povo.

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